#Entrevista | Felipe Lemos e Michael Valente falam sobre o processo criativo EP ‘Minha Diretriz”

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Felipe Lemos e Michael Valente possuem uma diretriz traçada. No primeiro projeto colaborativo, o EP Minha Diretriz, eles revelam qual é. “Fizemos o EP baseado na nossa vida, falando de família, superação”, afirma Michael Valente. Numa conversa recheada por “pensamentos filosóficos”, Lemos e Valente revelam como foi o processo criativo e explicam o conceito do disco.

Vocês já fizeram algumas parcerias em músicas. Quando decidiram partir para um projeto completo? 

Michael: Nos conhecemos há uns seis anos. Praticamente começamos a fazer música juntos…

Felipe: E a gente teve essa aproximação porque um curtia o som do outro. Na época eu tinha um grupo, o FNA. O Michael participou de alguns trabalhos nossos e eu fazia algumas aparições em projetos do Time do Alto, que é o selo dele. Por um tempo essas parcerias foram amadurecendo, até que ele fez a proposta: vamos fazer um EP? Aí, conversamos com o L-ton (produtor) e a parada fluiu.

Michael: Estávamos no estúdio para gravar mais um single… Aí eu brinquei: caraca Felipe, a gente tem muita música juntos. Agora vamos gravar mais uma, daqui a pouco vamos ter um disco. Por que a gente não faz um EP? Ele ficou me olhando pensativo, e respondeu perguntando: tá falando sério? Então tudo aconteceu.

E o processo de composição das musicas? Vocês se reuniam para escrever ou cada um fazia sua parte?

M: Sentamos com o L-ton e passamos nossas ideias. Ele absorveu e colocou as dele também. Pegamos algumas referências, e ele produziu os beats. Baseado nas batidas, o Felipe fez as melodias e eu “sentei” pra fazer as letras. Não houve encontros para compormos. Tudo aconteceu de maneira bem natural. Desde a primeira vez que conversamos, as ideias estavam uniformes. A gente poderia pegar um tema e o abordar de várias maneiras, mas não fizemos isso. Mesmo que as composições tenham sido feitas separadamente, nós conseguimos fazer o trabalho andar. 

Quando você compõe as rimas, já pensava de que forma elas se encaixariam nos refrões do Felipe? 

M: Cara, pela nossa amizade e por tudo aquilo que a gente já fez dentro e fora da música, tudo aconteceu bem naturalmente.  Por sermos amigos, o que é muito difícil nos dias atuais (no meio musical), onde um quer ser mais que o outro, nós juntamos forças de tudo que temos de bom pra tentar depositar no trabalho. Acho que a gente conseguiu. 

Já tem uma conexão entre vocês.

M: Exatamente. Quase uma conexão de casados (risadas). 

F: casados não (mais risadas). 

Quem mandava as ideias primeiro?

M: Na verdade foi meio simultâneo. Somente algumas músicas que a gente definiu antes, mas no geral tudo era alinhado na hora da gravina (gravação). Não fazíamos nada planejado antes. 

Foi tudo natural. Meio que um improviso…

M: o que é bem louco, bem insano. 

F: Tenho apenas uma observação… Na música Não Acabou, o Michael pediu pra eu fazer o coro… Geralmente nossa sintonia está tão boa que ele logo aceita, mas nessa ele não curtiu o primeiro coro. Então, apresentei pro L-ton, que curtiu. Porém o Michael continuou não gostando. Passou um tempo, eu refiz e, então, ele aprovou. To colocando isso, porque raramente ocorre mudanças. Sempre estamos bem alinhados.

Quem vocês se espelharam, usaram como referencia para elaborar o trabalho?

F: No quesito refrão (coro), eu gosto dos mais filosóficos. Não sou muito de repetir as coisas, não gosto. Pra mim quem é “fera” nisso, acho que o Michael também curte, é a Daniela Araújo. Ela tem uma linha de composição “monstruosa”. É óbvio que ela não trabalha na área que estamos trabalhando, o rap, mas é uma pessoa que eu ouvi muito pra chegar neste tipo de composição. Claro, é difícil você fazer uma letra filosófica “chiclete”, mas ela faz. Então, muita música que a gente faz acaba ficando “chiclete” sem muita repetição. 

As composições dela são poéticas.

F: Isso. Você entra na música e viaja. Em termos de referência lírica, conteúdo… Neste presente século é a Daniela Araújo.

E você Michael, quem te inspirou e/ou inspira?

M: Especificamente neste trabalho, a gente meio que fugiu da nossa área de atuação (o gospel). As produções são bem diferentes daquelas que eu estava acostumado. Se pegar meu primeiro disco e este EP, os dois são completamente diferentes. É outra fase. Pegamos referência do J. cole, T.I e Emicida para fazer os instrumentais. Mas, particularmente, trazendo para a nova escola, essa rapaziada que está se desenvolvendo agora, eu curto muito o Emicida. Gosto particularmente do jeito que ele escreve. No gospel, eu curto muito o Cacau. Foi até uma honra fazer parceria com ele em Sobre Ontem. Eu nem acreditei quando ele aceitou o convite. O cara foi bem receptivo, bem humilde. 

Qual o conceito do EP Minha Diretriz?

F: Eu até andei estudando a palavra diretriz. No caso, o conceito etimológico diz que é traçar um caminho sem perder o foco. E, a gente vive isso todos os dias. Este disco, como o Michael costuma dizer, é a extensão da nossa alma. Temos uma diretriz traçada… O EP é o resultado da nossa busca, o reflexo da realidade que vivemos. Graças a Deus, já estamos ouvindo bons testemunhos. 

M: É isso. Fizemos o EP baseado na nossa vida, falando de família, superação… E basicamente, a minha diretriz é a vida cristã que eu tento passar da forma mais simples possível, sem fantasias. Fizemos um trabalho para que, principalmente, os não cristão também entendam a mensagem. 

O que esperar da receptividade do público com o projeto? 

M: Já nos primeiros dias de lançamento nas plataformas digitais, recebemos alguns feedbacks positivos. Queremos ajudar a “animar” a cena, porque, infelizmente, muita gente não tem foco e não leva o trabalho a sério. 

F: A partir do momento que você joga a sua diretriz no trabalho, e o mostra… Automaticamente você instiga o ouvinte a se perguntar: “qual é minha diretriz? Será que eu realmente tenho uma diretriz?” Hoje em dia as pessoas têm vivido sem diretriz. Numa visão totalmente teocentrica, totalmente Deus, totalmente Cristo, é deixar de lado os pensamentos filosóficos que tem crescido muito  – e eu já falei de filosofia – e usar mais a fé. A fé é válida. O que não é válido, é perdê-la. Viemos para ratificar isso.

Sei que é muito cedo para especular o futuro, mas gostaria de saber se a parceria vai perdurar? Minha Diretriz é o primeiro de muitos?

M: claro, a parceria é pra vida toda. Se estiver nos planos de Deus de fazermos o capitulo dois, três, nós vamos em frente. 

F: Vou revelar agora, em primeira mão, que eu estou parando no projeto de sete anos que tenho com o FNA. Aí vão me perguntar: por quê? Por que agora, eu quero estar um pouco mais com minha família – tenho um filho de 1 ano e 5 meses -, e também realizar alguns trabalhos solos, autorais. Durante muito tempo eu deixei esse plano de lado, mas agora quero colocá-lo em prática. E a parceria com o Michael tem que continuar, pois em time que está ganhando não se mexe.

Michael, o Felipe falou de projetos pessoais. Você também pretende colocar na rua o disco sucessor de “Guerra Declarada” (2013)?

Sim. Eu também dei uma parada depois do lançamento do meu primeiro disco, Guerra Declarada, em 2013, o mesmo ano que minha filha nasceu. Mas provavelmente, entre o final de 2016 e início de 2017 vou lançar um novo álbum, que até já comecei a planejar.

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