“A Indústria da Música Gospel”, um livro importante para a música cristã brasileira

 

A música gospel brasileira é uma das mais bem sucedidas e rentáveis do mundo. Por um longo período, a venda de fonogramas ficou restrita aos selos evangélicos. De longe, as gravadoras multinacionais (majors) faziam apenas investimentos pontuais. Porém, com o crescimento da pirataria e a queda das receitas  nos primeiros anos do século 21, os players observaram que o cenário cristão poderia ser uma forma de recuperar o que se havia perdido. Naquele momento, o gospel era o único gênero musical que não havia tido grandes perdas por causa das falsificações de registros fonográficos. Em 2004, mais de 50% dos discos comercializados eram piratas.

Então, a aposta das majors converteu-se em investimento. E os aportes impulsionaram o nicho. Cantores de igreja, em pouco tempo, se transformaram em artistas com canções entre as mais vendidas e executadas nas rádios, apresentações em programas de televisão, milhares de discos vendidos, agenda lotada durante todo o ano e fã clubes. Ficaram visíveis para quem não fazia parte das igrejas. E entraram de vez na disputa por posições nas listas de vendas.

Ao ultrapassar as paredes do templo, o nível de qualidade teve de ser elevado. A musicalidade permaneceu inalterada. Mas o background (marketing, distribuição, gerenciamento, booking) melhorou. De fato, criou-se um mercado para atender a demanda. A venda de CDs, DVDs, produtos relacionados aos artistas e shows beneficiaram alguns setores da economia. E apesar dos números serem oficiosos, os executivos da área estimam que a música gospel brasileira (e a cultura criada em torno dela) movimente mais de R$ 20 bilhões de reais anualmente. Nada é confirmado. Nem negado.

Em 2013, os discos de música gospel só ficaram atrás do sertanejo entre os mais vendidos. Com o sucesso instantâneo, a grande maioria das multinacionais deram início a divisões voltadas exclusivamente para a música evangélica. Porém polêmicas não faltaram. Brigas, processos judiciais, premiações canceladas e desvios de propósitos também fizeram parte do processo evolutivo da indústria fonográfica gospel.

A ascensão se iniciou nos anos 2000, mas a estratégia de marketing foi colocada em prática uma década antes. Conhecida por cristã/evangélica, a música dos “crentes” foi rebatizada de gospel para ter uma melhor aceitação no cenário musical.

No livro-reportagem A INDÚSTRIA DA MÚSICA GOSPEL (AIMG) eu, Adailton Moura [DHVII], abordo o desenvolvimento e o crescimento comercial da música evangélica brasileira. A obra é fruto de uma pesquisa acadêmica [feita para a conclusão do curso de jornalismo], que propôs analisar de forma aprofundada e crítica o estilo musical produzido no Brasil. Composto por seis capítulos, distribuídos em 108 páginas, AIMG versa sobre os a evolução da música ocidental ao longo dos tempos; o nascimento do gospel na cultura afro-americana; a criação de uma cultura baseada no gospel brasileiro; a ascensão da música cristã na indústria fonográfica; e a mudança de propósito do cenário musical evangélico.

Pela escassez de trabalhos (escritos e audiovisuais) que abordam o assunto  – destaque para o livro “A explosão do gospel: um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico no Brasil”, da Magali do Nascimento Cunha; e a dissertação “Por uma sociologia da produção e reprodução musical do presbiterianismo brasileiro: a tendência gospel e sua influência no culto”, de Jaqueline Ziroldo Dolghie — , A INDÚSTRIA DA MÚSICA GOSPEL tem por objetivo ser fonte aos estudos relacionados à música e, especificamente, ao fenômeno gospel. Por outro lado, não é um trabalho direcionado especificamente para os cristãos.

A pesquisa é complementada com entrevistas e conversas concedidas por profissionais e artistas envolvidos no seguimento musical e especificamente no cenário evangélico; entre eles o cantor João Alexandre; Maurício Soares, diretor artístico da Sony Music Gospel; Éliton Nascimento, especialista em marketing musical, produtor e CEO do selo Good Boys Records; André Luiz, pesquisador e produtor musical; Roberto Azevedo, jornalista, editor chefe do portal Super Gospel e relações públicas de artistas gospel; o rapper Dj Alpiste; Salisa Barbosa, personal stylist (inclusive de artists evangélicos); Chad Horton, co-fundador do Rapzilla, portal norte-americano especializado em rap cristão, e diretor de marketing da distribuidora Syntax; e Josh Niemyjski, CEO do selo independente Illect Records.

O livro “A Indústria da Música Gospel” pode ser adquirido via PagSeguro.

Ficha técnica
ISBN: 978-85-366-5429-4
Páginas: 108
Formato: 14×21
Preço – Impresso: R$ 27,00

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