Trip Lee fala sobre Jay-Z, Conceitos de Lupe Fiasco e o CD ‘The Good Life’

Em entrevista ao TheBoombox.com Trip Lee falou sobre seu novo CD, “The Good Life”, a influência de Jay-Z  e o conceito das músicas de Lupe Fiasco. O rapper da Reach Records, lançou seu quarto CD, “The Good Life”, em abril, estreando na #17 posição da Billboard 200, vendendo na primeira semana 22.ooo unidades. Lee foi muito elogiado pela crítica e teve a segunda maior vendagem no hip-hop cristão de todos os tempos.

Qual a diferença entre The Good Life e o seu último disco lançado em 2010?

Este é o meu quarto CD, o meu primeiro álbum saiu em ’06, sempre estou tentando crescer e melhorar a cada disco. Eu nunca quero dar às pessoas algo que eu já lhes dei, sempre quero dar algo novo, tá ligado? Assim, espero que as pessoas que curtem minha música há anos, continuem curtindo. Está ficando melhor e melhor. Cada um dos meus álbuns tem temas diferentes, nesse eu queria realmente desafiar algumas  de nossas ideias sobre o que é ter uma vida boa.  Todos temos um próprio tipo de ideia. O Hip-Hop tem ideias fortes sobre o que é vida boa.

Notei que nos últimos discos você não fez colaborações. Por que isso?

O material que eu faço, por exemplo, neste disco eu quero lutar contra algumas idéias que temos sido ensinados sobre a vida boa. Então, dizer que eu estou na pista com alguém, você tá ligado, eles vão falar sobre essas como uma vida boa. Passa a ser uma espécie de conflito de interesses. Eu até colaboraria com as pessoas certas, se formos capazes de fazer de uma forma que, tá ligado, o que estamos dizendo na mesma canção não seria contraditória.

O que significa para você ser um rapper cristão?

Bem, eu realmente me apaixonei por hip-hop antes de conhecer o amor de Jesus. Eu sou um fã de hip-hop, eu amo hip-hop. Eu necessariamente não quero que me chame de “rapper cristão”. Você sabe, eu não quero me colocar nessa caixinha. A primeira coisa que vem à mente das pessoas é algo que eu não acho que eu realmente sou. Eu acho que sou um cara, eu sou um rapper, eu amo hip-hop, cresci na cultura hip-hop. Eu amei o hip-hop em toda minha vida, mas chegou um momento que essa minha vida mudou, onde antes eu era apenas aquele que ia na igreja de vez em quando, então houve uma mudança real, onde eu realmente entendi que foi Jesus, realmente entendi a mensagem do Evangelho e toda minha vida mudou.

Então eu comecei a pensar sobre o que isso significa para o modo de como faço minha música. Eu quero que minha música realmente corresponda com o que eu acredito agora. Portanto, meu objetivo não é estar nesta pequena caixa de rap ou somente  fazer as pessoas curtirem… quando disse que meus álbuns iriam para as igrejas. Mas eu não quero que seja consistente com as coisas que acredito, tá ligado. Então eu sou um rapper, amo hip-hop, faço parte da cultura hip-hop, minha arte só foi alterada por Jesus.

Agora, quando as pessoas dizem “eu encontrei Jesus”, muitas vezes é porque aconteceu algo traumático em sua vida. Algo semelhante aconteceu com você?

Não foi um evento traumático pra mim. Foi uma época que eu realmente entendi, por isso há uma diferença entre apenas ir à igreja e estar perto de coisas da igreja, e compreender o que realmente é a mensagem do evangelho de Jesus. Foi no momento que me toquei. Tinha uns 14 [anos]. Meu amigo ia à igreja com bastante regularidade e fui à igreja com ele, era daquelas igrejas que fazia muitas coisas. Mas eu comecei a me envolver de verdade, apenas por razões sociais, eu só queria relaxar. Havia algumas meninas bonitas, e eu achei que seria bom, “Eu provavelmente poderia fazer isso”.

Então como eu estava por perto, comecei a ouvir coisas e isso começou a me afetar e outras começaram a me tocar. E uma vez as palavras acertaram meu coração, minha vida fez um 180 (graus).

Então, o que os seus amigos acharam? Tenho certeza que eles notaram uma mudança em você durante todo esse tempo.

Sim, foi interessante, porque havia algumas coisas que começaram a crescer além do que eu esperava, por alguma razão eu e meus amigos começamos a ir para direções diferentes.

foi interessante, porque havia apenas algumas coisas que começaram a crescer além, por alguma razão com meus amigos, porque nós começamos a ir direções diferentes. Eu não fui mais o cara das “ festas”, eu nunca mais fui o  cara das “boates”, eu nunca mais fui o cara “bebado”. E essas coisas me fez crescer meio que separado. Mas nós ainda tínhamos uma amizade legal, mas a proximidade não era a mesma, porque nós nem sempre fazia-mos o mesmo tipo de coisa. E a mesma coisa, quando vejo algo no hip-hop, eu não quero romper com o hip-hop, é como em outro género qualquer, eu sou um rapper, eu sou hip-hop. Se você ouvir minha música, não vai ter distinção, o que não me faz dizer: “Deixe-me fazer minhas próprias coisas ali no canto”, mas eu adoraria que o hip-hop não excluísse os caras que querem falar sobre coisas sérias.

O Hip-Hop tem sido tão influenciado por tipo, um cara como Scarface no filme “Scarface, se é que podemos moldar a nossa música em torno da influência que tivemos de Scarface, podemos falar sobre isso ou podemos nomear a nós mesmos depois dos barões da droga, podemos fazer isso. Mas se um cara passa a se interessar em Jesus, ele não pode ter um lugar no hip-hop? Eu não acho que é isso que queremos dizer. Eu acho que queremos deixar espaço para todos. Se sua vida é impactada por Deus, eu não acho que devemos excluí-los do hip-hop.

Você pode falar qual é o rapper que tem um material oposto do que você está fazendo no rap?

Bom, eu poderia destacar um cara como Jay-Z, que provavelmente é o rapper que me influencio mais do que ninguém. Lembro-me de estar sentado no meu quarto ouvindo The Blueprint, esse é o meu disco favorito, ele está impecável. Ouvir isso me inspirou a escrever e ser um MC lírico, então eu posso pensar na minha vida quando meu coração começou a mudar, e do jeito que eu costumava ouvir isso. Lembro de ouvir, eu acho que “In My Lifetime Vol.. 1”, e ele diz: “Você acredita que Hova é Deus”. Quando eu ouço ele dizer algo assim, eu penso: “OK, eu não acho que você acha que é Deus, Jay-Z. Acho que todo mundo sabe que você não acha isso. Mas eu gostaria que você tivesse mais reverência a Deus, assim não usaria o seu nome dessa forma, se comparando a ele”

Eu penso sobre o The Blueprint2: The Gift & the Curse, onde diz que ele, Pac e Biggie são a Santíssima Trindade do hip-hop.  Agora, eu sei que você não acha que vocês são deuses, mas gostaria que não dissesse isso. Acho que as pessoas são tão influenciadas, e ele é um cara influente. Eu sou um dos que foram influenciados pela sua música.  As pessoas ouvem o que ele diz e acha importante, então eu gostaria que ele escolhesse suas palavras, tomasse mais cuidado, especialmente com essas coisas.

Então, quem são suas influências no rap?

Jay-Z é provavelmente a minha maior influência. Eu cresci em Dallas, e costumava ouvir um monte de underground de Dallas  e Houston também, então era muito Swishahouse, Mike Jones, Chamillionaire e Lil Flip. Eu adorava esses caras quando estava na quinta, sexta série. Bun B, Outkast foi demais. Tem um monte de caras do sul que já me inspiraram muito. Tem também os caras da Costa Leste como Nas, Biggie, curto muito Eminem, Kanye, Common. Por isso que eu tenho umas espécie de estilo misto. Eu quero ser lírico e instigante, mas não posso deixar de lado o meu estilo sulista. Esse sou eu.

Tem alguma música ou artista que você ouviu ao longo dos anos que a mensagem falou com você?

Eu posso pensar em um cara cuja música eu acho que tem muitos conceitos criativos, é o Lupe Fiasco. Ele é um cara criativo, tem conceitos fora “deste mundo”. Seu primeiro álbum, “Food & Liquor”, é o meu favorito.

Ele tem muitas canções. Uma delas se chama “He Say, She Say”. No primeiro verso uma mãe fala com o pai do seu filho, tipo: “Ele quer que você seja um pai, ele é o seu filho. Você não se importa com isso mesmo”.  E no próximo, o filho diz a mesma coisa. Cara, eu gostei muito dessa música porque ele aborda uma questão que todos sabemos que é real, tem um monte de crianças crescendo longe do pai.

Ele começa a falar sobre alguns assuntos escolares e outras coisas, até que você é tocado na primeira vez que a mãe fala, e pela segunda vez,  no mesmo verso, no ponto de vista do filho. Esse é o tipo de música que eu penso: “Cara, isso é um bom conceito, eu gostaria de ter pensado nisso, queria ter feito isso”. Mas ele fez, e eu gostei muito daquela música.

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